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Carta de socorro descoberta em brinquedo chinês ainda preocupa o mundo

Encontrado por norte-americana há um ano, bilhete revela detalhes sobre as terríveis condições de trabalho na China.

Carta de socorro descoberta em brinquedo chinês ainda preocupa o mundo


Há um ano, Julie Keith — uma norte-americana do Oregon — descobriu em um brinquedo fabricado na China uma carta de denúncia sobre as terríveis condições de trabalho no país. Redigido em inglês, o pedido de socorro pedia que quem quer que encontrasse o bilhete entrasse em contato com a Organização dos Direitos Humanos. Veja o bilhete (em inglês) a seguir:
Na carta, a pessoa conta que os funcionários trabalham 15 horas por dia, sete dias por semana, sem ter qualquer direito a folgas, finais de semana ou feriados. Em troca, os trabalhadores recebem um salário de aproximadamente US$ 2 mensais (cerca de R$ 4,70!), além de sofrerem torturas, privação de sono e espancamentos por parte dos guardas da fábrica.
Segundo a carta, muitos dos que estão ali são perseguidos pelo CCPG — o partido comunista do governo chinês —, e são sentenciados a passar em média entre 1 e 3 anos nesses campos de trabalho como forma de punição por não concordarem com o regime do partido. Contudo, as condenações são feitas sem que haja qualquer tipo de julgamento formal, e o autor conta ainda que a maioria é inocente.

Perseguição

Julie Keith, a norte-americana que encontrou o bilheteFonte da imagem: Reprodução/Daily Mail
Ainda de acordo com a carta, os trabalhadores que discordam do regime de forma mais aberta sofrem mais punições do que os demais. A carta foi meticulosamente escondida em um brinquedo fabricado em um campo de trabalho localizado em Shenyang, na China, e, desde que foi descoberta, rodou o mundo graças à mulher que a encontrou.
Os campos de trabalho chineses — eles existem sim e são bem conhecidos — estariam destinados a receber condenados por crimes pequenos (principalmente viciados em drogas, prostitutas e ladrões insignificantes), que são enviados para cumprir suas penas. Entretanto, segundo uma estimativa da ONU, em 2009 havia 190 mil pessoas nesses locais, presas ali sem receber sentença judicial. A Anistia Internacional calcula que existem mais de 300 desses campos.

Envolvimento da mídia

Zhang, o autor do pedido de socorro, em entrevista com a CNNFonte da imagem: Reprodução/Daily Mail
Por sorte, a mídia tem mostrado bastante interesse sobre as terríveis condições de trabalho em alguns lugares na China, revelando ao mundo o que acontece por lá. Além disso, a própria iniciativa de pessoas como a que escreveu o pedido de socorro tem contribuído para isso. Aliás, após um ano desde a descoberta da carta, o autor decidiu se revelar.
Identificado apenas pelo sobrenome Zhang, trata-se de um ex-condenado de 47 anos que passou dois anos no campo de trabalho de Masanjia, em Shenyang. Durante esse tempo, Zhang escreveu 20 pedidos de socorro diferentes, que foram escondidos em brinquedos que ele esperava que seriam vendidos nos EUA. Julie Keith eventualmente encontrou um desses pedidos e — comovida e alarmada — entrou em contato com as autoridades e a imprensa de seu país.
Desde então, o campo de trabalho de Masanjia foi desativado, e o atual governo chinês parece disposto a rever a política de “reeducação através do trabalho”. Além disso, as autoridades chinesas admitem que nesses locais as condições de trabalho e sobrevivência são complicadas, mas negam que os condenados sejam submetidos a torturas. No entanto, aqueles que resolvem falar sobre o que acontece nos campos podem ser presos e sofrer severas punições.
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Em sua opinião, leitor, o que poderíamos fazer para contribuir de alguma forma para que esse tipo de situação não volte a se repetir? Você acredita que se, por exemplo, as empresas que importam produtos “made in china” fossem mais cuidadosas e simplesmente se recusassem a comprar itens fabricados em campos de trabalho, isso ajudaria? O que mais você sugere? Não deixe de dar a sua opinião nos comentários.

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